terça-feira, 4 de novembro de 2014

Poder do toque: a importância da consciência corporal na massoterapia

Projeto da ABDV, que visa capacitar deficientes visuais para atuarem na área de massagem em Brasília, recebe nova integrante para auxiliá-los a explorar o tato de maneira sensível e consciente



Também conhecida como massagem terapêutica, a massoterapia tem ganhado cada vez mais espaço em clubes, spas e ambientes de relaxamento em Brasília. Muito mais do que ambientes climatizados e as “mãos mágicas” do profissional, a especialidade exige pleno conhecimento do corpo humano, além das emoções e sensações provocadas pela repetição de movimentos.



Pensando nisso, a Associação Brasiliense de Deficientes Audiovisuais (ABDV) passou a contar com uma nova integrante em seu quadro funcional para auxiliar as atividades do projeto Brasília Tátil: Cultura Solidária – a pedagoga, arte-educadora, artista plástica Telma Romão. Ela ainda tem mestrado em artes cênicas com deficientes visuais no Rio Grande do Norte. Nesta etapa, os alunos deficientes visuais aprendem que o corpo deve ser tratado como um templo para que se atinjam os benefícios típicos da massoterapia. O trabalho que ela desenvolveu foi voltado para consciência corporal.

A artista Telma Romão relata que suas aulas abordam a consciência corporal e a representação simbólica e metafórica do corpo para os aprendizes cegos. “Durante o curso, buscamos compreender o corpo como um mapa dos nossos sonhos e da nossa história. Portanto, o massagista precisa compreender que a consciência do corpo é a consciência de lidar com a história de cada um com quem você entrará em contato. E essa história diz respeito às suas dores, às suas alegrias, aos seus medos. Nosso trabalho é, basicamente, para que nossos alunos se sensibilizem para perceber que eles vão estar provocando emoções e sensações, que terão papel importante de cura, de transformação, de alívio”, comenta.


O presidente da ABDV, César Achkar, explica que o projeto de qualificação dos cegos chegou em uma etapa importante e tem buscado novos parceiros para o ingresso no mercado de trabalho dessas novas mãos de obra. “Esse aprendizado de como explorar o corpo de maneira respeitosa e voltada para o bem-estar é imprescindível. É importante que se olhe para o corpo do outro como um templo sagrado, com todos os cuidados por estar atingindo uma área estritamente cheia de informações”, revela.


Embora o tato não seja em si uma emoção, seus elementos sensoriais induzem alterações neuronais, glandulares, musculares e mentais que, combinadas, denominamos emoção. Por meio da massoterapia, ganham-se inúmeros benefícios, como alívio de dores musculares, estimulação da circulação sanguínea e prevenção de distensões e lesões, que podem acontecer por causa excesso de tensão.


Telma Romão afirma que suas aulas têm sido cada vez mais objetos de estudo e análise para aprimoramento das técnicas psicoterapêuticas. “O grupo por vezes é receptivo, por vezes se assusta, porque no caso estamos tocando no corpo. Mas eles têm sido muito tranquilos em relação a isso. De repente se veem tocando no pé do outro colega, sem imaginar que poderiam estar tocando em uma área tão íntima. Essa consciência do próprio corpo é algo que temos percebido no decorrer das aulas. Existem resistências que são supersaudáveis, nenhum tipo de comportamento eu vejo como reação negativa, tudo é material de estudo, de abordagem, de análise de comportamento de uma história”, avalia.


O curso do Brasília Tátil está na reta final. Daqui a pouco, o mercado de trabalho brasiliense estará repleto de profissionais voltados para áreas de massagem e massoterapia. Fique ligado!