quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Minicurso de Mobilidade, Acessibilidade e Melhores Práticas junto a pessoas com deficiência visual

15 professores e guias de turismo se inscreveram para participar do Minicurso, que fazia parte do cronograma das atividades do Brasília Tátil.

No período da manhã, eles saíram do ponto de encontro – a Escola Parque 308 sul – em direção ao ônibus estacionado na quadra. Desde então, tiveram os olhos vendados e receberam bengalas, justamente para sentirem as mesmas sensações e enfrentarem os desafios de uma pessoa com deficiência visual.

No traslado até a Câmara dos Deputados, receberam orientações sobre mobilidade e inclusão social de um dos coordenadores do programa, César Achkar, que é deficiente visual; e do guia de turismo Fábio Almeida Ribeiro, sobre informações complementares .

Durante a visitação no Salão Verde, experimentaram explorar outros sentidos, como a audição, e conhecer as obras de arte por meio do toque das mãos.

Mônica Aviani, professora do Centro de Ensino Especial de Brasília, tinha uma ideia de ter a vivência e adquirir conhecimento e saber lidar com as pessoas com deficiência visual. E para surpresa dela, “é muito além do que eu imaginava. Quando somos vendados, exploramos muito mais outros sentidos, como audição e tato. E ao mesmo tempo sentimos medo, pois dá uma sensação de insegurança. Então fico imaginando o que realmente ser um deficiente visual. No meu trabalho, essa experiência vai me ajudar a trabalhar a tridimendionalidade e vou construir outras possibilidades”.  

A professora Keila Câmara, da Escola Classe Boa Esperança (núcleo rural de Ceilândia), já teve neurite óptica, uma inflamação do nervo óptico que pode causar uma perda da visão parcial ou completa. Por experiência própria de ter baixa visão, ela considerou a experiência do minicurso muito válida. “Começamos a dar mais valor aos outros sentidos quando perdemos parte da visão e, principalmente, a entender melhor a realidade de quem de fato é totalmente deficiente visual. Vou levar essa experiência para a sala de aula e para vida”, afirmou.

O diretor da Escola Parque da 308 Sul, Paulo César Valença ficou admirado com as declarações do projeto não só dos professores, mas também dos estudantes. “Para nós, o projeto abre um espaço de percepção mais apurada do aluno vidente que começa a ter mais compreensão dos desafios de outras pessoas que têm algum tipo de deficiência”, salientou.

No período da tarde, os inscritos participaram da oficina de argila, onde receberam conselhos e técnicas sobre como desenvolver belas peças a partir desse tipo de matéria prima. Muitos deles levaram suas obras para casa satisfeitos.


























Depoimentos dos participantes revelam o sucesso do programa Brasília Tátil

Alunos e professores saíram encantados com mais uma edição do projeto, tanto no passeio turístico quanto na oficina de argila

Estudantes e professores de três escolas parques (308 Sul, 314 Sul e 210 Norte) e do Centro de Ensino Especial de Deficientes Visuais vivenciaram uma experiência única com o programa educativo Brasília Tátil 2016. Os depoimentos revelam o quanto o projeto traz conhecimentos diversos.

O aluno do CEEDV Pedro Damasceno, de 9 anos, teve hidrocefalia ao nascer e perdeu completamente a visão. Ele foi um dos participantes do programa. “Eu amei o passeio e brincar com argila, pois parece massinha molhada. E vou fazer minha própria obra de arte. Quando crescer, quero me tornar um grande artista”.

O aposentado Marcelo Gonçalves da Costa, de 40 anos, teve deslocamento da retina há dois anos e não enxerga mais. Ele achou a experiência do programa Brasília Tátil bem interessante: “É a primeira vez que participo de um projeto como este e estou adorando. É um novo aprendizado, tanto na parte cultural com as visitas aos monumentos, quanto para o desenvolvimento do sentido do tato”, comentou.


Gilva Alves de Oliveira, de 71 anos, também baixa visão e também elogiou o projeto. “Acho o Brasília Tátil maravilhoso por várias razões, entre elas, conhecer obras de arte e poder tocá-las. Nasci aqui e não conhecia a Brasília artística. Também gostei de fazer novas amizades, socializar e aprimorar a sensibilidade do toque das mãos com a oficina de argila”, disse.